Espero que vocês gostem... Amo vocês!!!
Paloma...
"Amo como ama o amor, não conheço nenhuma outra razão para amar senão amar. Que queres que te diga, além de que te amo, se o que quero dizer-te é que te amo?"
Fermado Pessoa
Fermado Pessoa
Era uma tarde de Julho, eu estava sentada na grama observando o movimento das árvores enquanto o vento soprava sobre elas. Eu recordava os últimos dias que estive neste lugar.
Férias sempre trazem boas recordações, este ano em especial. Eu sei que depois destas férias, a minha vida nunca mais será a mesma...
1- Tudo começa com uma viajem indesejada...
Acabaram as aulas do semestre, enquanto eu me direccionava ao portão de saída pensando nas próximas semanas intediantes que eu passaria na cidade de minha avó, a Aline veio correndo falando alguma coisa sobre as semanas que ela passaria com uma tia na Espanha.
- Você acredita Clara, EU VOU PRA ESPANHA... você sabe o quanto eu esperei por este dia, eu nem acredito Es-pa-nha. Eu estou tão ansiosa, amo andar de avião, mas nunca fiz uma viagem tão longa; Como será Madrid...
A Aline é a minha melhor amiga, nós fazemos tudo juntas, ela é magra, tem o cabelo longo, castanho bem escuro e encaracolado, a pele morena, resultado das tardes na piscina da casa dela, olhos verdes, e voz aguda. Ela é a pessoa mais divertida que eu conheço. Ela vinha sonhado com uma viagem para a Espanha havia anos...
Eu estava feliz por ela, juro, mas ela vem falando a mesma coisa por mais de um mês, e enquanto ela vai para a Es-pa-nha, eu vou pra Divinolândia, interior de Minas. O que de interessante poderia acontecer numa cidadezinha de interior??? Pior, eu ficaria trancada em uma fazenda por três semanas, cheirando poeira, sem Internet e sem telefone, a minha sorte é que tem luz e TV.
Como esta era a última vez que eu a veria antes da viagem dela, resolvi comentar...
- Ali, eu estou muito feliz por você, até que enfim o dia chegou! – Eu disse sorrindo. – Eu queria estar mais bem humorada pra te falar o quanto eu estou feliz, mas na verdade, eu não paro de pensar nesta bendita viagem pra Divinolândia, bem que eu queria estar indo pra Espanha!
Ela olhou pra mim como quem não acreditava no que eu acabara de dizer.
- Eu te chamei pra ir um monte de vezes Clarinha, e você disse que não queria ir. Você sabe que os meus pais gostam muito de você, eles não se importariam em pagar as passagens, e seria bem mais legal...
-Eu sei – eu a interrompi – mas como diria a minha avó “quem não tem ‘ bumbum’ não senta no morro”. E você sabe que eu não gosto de gastar um dinheiro que não é meu.
- Mas meus pais não se importariam.
- Mas eu sim, Ali. Desculpa, eu sei que você está super ansiosa, me conta quais são os planos? Pra onde vocês vão primeiro? Me contas os detalhes...
Ela falou por mais de quarenta minutos, me contou dos planos de viagem, dos museus que ela e a Tia visitariam, e eu ouvi tentando prestar o máximo de atenção possível. Nós estudamos juntas desde a primeira série, estamos agora no terceiro ano do segundo grau, quanta coisa nós dividimos, choros, alegrias, decepções...
A Aline é filha única de um casal de família rica e tradicional de BH, são pessoas boas e realmente gostam de mim como se eu fosse filha, estão sempre querendo que eu faça os “programas de família” junto com eles. Mas, prefiro estar com a minha família...
Eu venho de uma família rica e tradicional do interior de Minas. Quando os meus pais resolveram se casar, a família da minha mãe não aprovou, pois eles não pensavam que o meu pai poderia dar um “futuro” à minha mãe. Ela preferiu viver o amor da vida dela, e deixar de lado todo o dinheiro dos meus avós. A família do meu Pai é uma família “humilde”; eles tem uma boa condição de vida, mas não são ricos.
O meus pais são um casal modelo, eu nunca presenciei uma briga, ou uma discussão entre eles, e o amor que eles demonstram um ao outro é lindo de se ver, mesmo quando as coisas estão difíceis, eles se respeitam e demonstram que fizeram a escolha certa. Olhando pra eles, eu sei exatamente o que eu quero para o meu futuro.
Minha mãe tem os cabelos e olhos castanhos, a pele clara, estatura média, todos dizem que eu me pareço muito com ela. Ela se chama Gabriela, ou Gaby, para os íntimos. Ela tem a voz suave e calma, sempre tenta conversar com paciência, mesmo quando ela tem que brigar por algum motivo.
Meu pai, Francisco, é alto, tem os cabelos castanhos claro, e olhos verdes, mesmo sendo meio calado, sempre impõe a autoridade que um pai deve ter, só de olhar ele já diz o quer, e nós entendemos.
Eu tenho um irmão, o Eduardo, ele tem 19 anos, ele é aquele tipo de rapaz que toda garota quer namorar, bonito, educado, inteligente e esforçado, mas não leva as garotas muito à sério.
O Edu é uma mistura dos meus pais, ele tem os olhos do papai e a pele e o cabelo da mamãe. Uma mistura perfeita, como minhas amigas dizem.
Minha família é como é, nós não temos muito dinheiro, mas somos unidos, e nunca nos falta nada... Eu e o Edu, estudamos na melhor escola de BH, moramos em um bom bairro e sempre que podemos, fazemos passeios familiares.
Mas estas férias serão diferentes. Eu e o Edu estamos condenados a algumas semanas de tédio na fazenda da minha avó materna. Não é que eu não goste de roça, mas a casa da minha avó Rose... Eu nem sei qual foi a última vez que fui lá, não conheço ninguém, e nem tenho muito contato com ela, ou meus outros primos, com exceção da Júlia . Sem contar que são oito quilómetros até a cidade, se eu posso dizer que Divinolândia é cidade.
A Aline se despediu de mim, e me prometeu enviar e-mails, mesmo eu dizendo que não vou poder acessar Internet durante as férias. Eu pedia que ela tirasse muitas fotos, e me mandasse um cartão postal, afinal eu posso ter o privilégio de receber correspondência pelo correio...
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- Clara, minha filha, sua mala já está pronta? – Minha mãe perguntou ansiosa.
- Aham! – Foi só o que eu pude responder.
- Minha filha, este passeio é muito importante, você sabe o quanto a sua avó tem tentado se aproximar de vocês!
- Ah! Mãe, ela deveria ter pensado nisto antes de ter praticamente nos excluído da família. Sem contar que ela não gosta do papai... Mãe, eu juro que se ela falar um “a” do meu pai, eu venho embora.
- Isto não vai acontecer Clara, ela está arrependida, e ela sempre amou a você e ao seu irmão, você vai ver o passeio será bom. E eu e o seu pai vamos fazer a nossa segunda lua de mel. – Ela comentou com um sorriso enorme.
- Okay... eu sei, prometo me comportar. Não vou atrapalhar a lua de mel de vocês. – eu respirei fundo, olhei se eu estava me esquecendo de alguma coisa, e sorri para a minha mãe – Pronto mãe, tudo certo. Eu não estou me esquecendo de nada. O Edu já está pronto?
- Creio que sim. – Ela respondeu sorrindo. – Você sabe como é o seu irmão. Eu fiz a mala dele e acredito que não faltou nada. Por favor Clara, não deixa ele “brincar” com as moças de lá, se é que você me entende.
- Pode deixar mãe; não se preocupe okay?!
- Okay! Vamos então?!
Eu peguei a minha mala, respirei fundo novamente, e segui em direção à sala. Encontramos o Edu e o papai sorrindo, nos esperando na sala.
- O que é engraçado? Me conta que eu também quero rir.
- Papo de homem Clarinha. – O Edu respondeu ainda rindo.
Eu olhei para o meu Pai, e ví que ele também estava estranhado o fato de estarmos viajando separados; era a primeira vez que a família se separa por tanto tempo...
Vendo os olhos do meu pai, eu não segurei, corri e abracei ele forte...
- Pai, eu prefiro ir pra casa da Vó Ana, deixa eu ir pra lá?!
- Clara, sua avó quer muito passar este tempo com vocês, e você pode visitar a casa da minha mãe em outra ocasião. Eu sei que você não quer ir, mas nós já conversamos certo?! Eu também vou sentir saudades princesa!
- Pai...
- Clara! – Ele disse com a voz firme, eu já sabia que não adiantava falar mais nada.
- Eu te amo pai... Te amo também mãe! – eu abracei os dois e fui para o carro, coloquei a minha mala no porta malas.
- Edu, dirija com cuidado okay. – minha mãe falou com um ar de preocupação. – Use o sinto, e se você ficar cansado, para em algum lugar pra dormir. Assim que vocês chegarem em Divinolândia, me liguem pra eu saber que está tudo bem.
- Está bem mãe, não se preocupe! Eu prometo fazer tudo direitinho. – Ele respondeu olhando para o meu Pai e sorrindo...
Meu Pai riu e balançou a cabeça! Minha mãe deu mais algumas instruções, e o Edu acelerou o carro... Agora cinco horas e meia de estrada até Divinolândia e mais 30 minutos até a casa da minha avó.
E a cada minuto que passava, mais triste eu ficava...
- Clara, não vai ser tão ruim assim, eu prometo. Posso te levar até Valadares no fim de semana se você quiser. Não fica assim maninha!!!
- Eu sei Edu... ainda bem que você também está vindo, senão eu não sobreviveria...
Ele me olhou como quem planejava uma travessura.
- Fala, o que você vai aprontar Edu...
- Eu? Nada – ele sorriu de novo – O papai disse que lá tem muitas gatinhas, e que elas vão amar seu irmãosinho aqui. – Ele apontou para ele mesmo – Carne nova no pedaço.
Nós dois rimos.
- Como se você precisasse disto né?! Edu, 99,9 % das meninas do bairro são loucas por você, e as outras 0,1% são eu, a Aline, e algumas que são indecisas ou já desistiram de você...
Ele me olhou, respirou fundo, sorriu e disse:
- É chato ser gostoso...
- E convencido né?!
Nós conversamos sobre o passeio, ele tentou me animar e garantir que seria legal, fomos cantando, brincando até que eu adormeci.