quarta-feira, 30 de novembro de 2011

*Eu e Gabriel*

Oii  Pessoal, já tem um tempão que não posto, eh que ta acontecendo tanta coisa agora que to meio sem tempo. Como vocês sabem eu finalmente estou empregada, por causa disso desapareci assim. desde a data de admissão tem sido uma correria para fazer exames, cursos, assinar papeis, a loucura do primeiro embarque, e agora to aqui fazendo mais curso! Bom deixa eu contar pra vocês um pouquinho dessa experiencia. Antes, a Beatriz já tinha me alertado de que o primeiro embarque não e muito fácil, mas como todas nos sabemos, minha querida irma tende a ser um pouquinho dramática, então acabei não capitando muito bem a mensagem. Na verdade o primeiro embarque não e ruim não, eh HORRÍVEL! no primeiro dia eu passei mal por causa do balanço, estranhei aquele ambiente feio, as roupas laranja, a solidão, as 12 horas de trabalho, o espaço confinado, o excesso de peão, a falta da família, o tamanho minimo do que eles chamam de quarto... enfim eu poderia falar ate amanha, mas o negocio eh que achei que ia ficar doida se ficasse mais um dia ali, pensei que uma vez que tivesse desembarcado nunca mais ia querer voltar. Mas como não dava pra pedir pra sair, Tentei focar no trabalho enquanto estava la, e Deus esteve me Ajudando a todo tempo, assim os dias foram passando,eu quase nem sentia mais o balanco, e todas aquelas coisas que me incomodavam não deixaram de existir, mas fui aprendendo a lhe dar com elas. No final tivemos problemas com os helicópteros no dia que eu iria desembarcar, eh claro, e por isso acabei ficando 2 dias a mais. Quando eu finalmente pisei em terra firme de novo, eu já sabia que iria voltar, passou o choque dos primeiros dias e acredito que já estarei mais bem preparada para o próximo embarque (Deus Queira!). Graças a Deus cheguei ate aqui, sei que muitas de vocês estiveram rezando por mim quando eu mais precisava, e espero que continuem rezando! Nas horas difíceis eu me lembrava das Orações de vocês, e das minhas, e então antes que eu percebesse tudo já tinha passado! Qualquer dia conto pra vocês com mais detalhes como foi, mas quero que saibam que estou muito feliz e realizada,e  só tenho a agradecer o Deus maravilhoso que nunca me abandonou!


Agora, mudando totalmente de assunto, resolvi fazer esse videozinho do Gabriel: meu príncipe dos olhos azuis. Os videos NÃO estão em ordem cronológica, acho que o mais recente eh o da gangorra. Como vocês podem ver ele esta cada vez mais lindo e me enchendo de orgulho, ainda mais agora que já fala dindinha! Nunca imaginei que seria tao bom ser titia e dindinha.  Que Deus abençoe este pequeno e que ele continue nos trazendo toda essa felicidade!

sábado, 19 de novembro de 2011

Capitulo 4 - Quando tudo parece estar bem, pense novamente.

Meninas, estou muito feliz, pois comecei um curso de fotografia, eu amo fotografia, e as aulas estão sendo muito boas. A Maria Alice agora aprendeu a gritar e quase mata a gente de rir...
Quando eu comecei a escrever esta história eu pensava na fazenda do Macuco, mas completamente reformada, hehehe... eu estou sentindo que estou tomando o espaço no blog, porque ninguém mais posta, só eu... então, decidi mandar os capítulos no e-mail de vcs... vou postar o capitulo 4 e vou manda no e-mail de vcs tbm, assim, que não recebeu, por favor me enviem o email de vcs, assim todo mundo lê... amo vcs... e estou esperando que alguém poste algo interessante... Estou morrendo de saudades...



4- Quando tudo parece estar bem, pense novamente.

- Alô!
- Oi João, é a Clara. Tudo bem?
- Tudo, e você? Aconteceu alguma coisa?
- É que eu não vou poder ir tomar sorvete com você hoje. – Eu respondi evitando usar a palavra “encontrar”. – É que a minha prima está passando mal, e eu resolvi passar o dia com ela, tudo bem pra você?
- Tudo bem, sem problemas. Tem algo que eu possa fazer por você, ou pela sua prima?
- Não. Está tudo bem, ela só está um pouco indisposta. Mas ela vai melhorar.
- Nós podemos nos encontrar amanhã então? – Eu nem acreditei, ele usou a palavra “encontrar”. Ops, porquê isto me deixou feliz??? Eu suspirei.
- Podemos sim. Com certeza. À que horas?
- Por volta das cinco da tarde, agente poderia tomar um sorvete, e depois tem uma coisa que eu quero muito te mostrar. Pode ser?
- Pode sim, agente se vê amanhã então. – Eu desliguei o telefone, e fui ver como a Júlia estava, hoje de manhã ela estava passando muito mal, e eu estou preocupada com ela, eu não sei se o mal que ela está sentindo será definitivamente passageiro.
Eu entrei no quarto e encontrei ela deitada. Ontem ela me pediu que não falasse com a vovó que ela ainda estava passando mal, ela disse que não queria preocupar a vovó, mas hoje ela ainda está passando mal, e eu não sei o que fazer.
- Ei Jú, como você está se sentindo? – Eu perguntei baixinho.
- Eu estou melhor Clara, é só este cheiro de bolo que está revirando o meu estômago.
- Vai passar. – Eu respirei fundo. – Jú, eu posso te perguntar uma coisa?
- Aham. – Ela respondeu balançando levemente a cabeça.
- Se você não quiser responder tá tudo bem okay?! – Ela balançou a cabeça novamente. – Jú, quando foi a última vez que você menstruou?
Ela arregalou os olhos, e levantou de uma vez da cama, e começou à procurar por alguma coisa na bolsa dela, ela tirou uma pequena agenda e começou a folhear, uma porção de coisas passaram pela face dela, surpresa, ânsia, medo...
- Dia 23 de Abril! – Os olhos dela encheram de lágrima, e ela se sentou no chão, se abraçou com as pernas e começou a chorar. – Não pode ser Clara, isto não pode ter acontecido comigo.
- Calma Jú, quando foi a última vez que você e o JP... amm... ficaram?
- Foi um dia antes do fim do nosso namoro. Mas eu estava tomando remédio.
- Se você estava tomando medicamento, então deve ser a comida mesmo. – Eu falei tentando conforta-la.
-  Mas o meu ciclo é certo, minha menstruação nunca atrasa. Mas isto pode ser porque eu troquei de remédio, e os enjoos também. – Elas disse aliviada.
- Jú, quando você trocou o seu remédio?
- Eu tomei o último do antigo em Abril e em Maio  eu tomei uma injeção, o farmaceutico disse que não iria interferir no meu ciclo.
- Ele não te disse que quando se troca de método, você deve usar preservativo? – Eu perguntei quase entrando em pânico.
- Não, ele não disse nada. E o JP sempre insistia em usar preservativo, mas desta vez eu pedi que ele não usasse. – Ela falou e começou a chorar novamente. – Eu terminei com ele Clara, e se eu estiver grávida e ele não quiser voltar pra mim? Meus pais vão me matar. – Ela agora soluçava.
- Calma, eu vou pedir ao Edu pra me levar na farmácia e comprar um teste de gravidez. Não se desespere até saber o resultado, e se você estiver grávida agente vai encontrar um jeito, se precisar até eu converso com o JP, vai dar tudo certo.
- Clara, eu não quero comprar um teste em Divinolândia, se não todo mundo vai saber. Será que o Edu me leva em Valadares? Eu posso ficar na casa da minha tia Fernanda. Assim eu vou ter tempo de pensar no que fazer.
- Okay. Eu vou falar com o Edu. Já volto.
Eu conversei com o Edu, e expliquei o que tinha acontecido, e pedi que ele nos levasse até Governador Valadares. Nós só teríamos que inventar uma boa desculpa para a vó Rose, e o Edu disse que isto sobraria pra mim.
Eu encontrei a vovó no escritório, que como o restante da casa, era impressionante, duas estantes cobriam a parede da direita, desde o chão até o teto, estas estantes estavam cobertas de livros, que pareciam ser bem antigos, na parede atras da mesa, tinham muitas fotografias, que eu ainda não tinha visto, todas as fotografias eram em preto e branco, e com molduras que combinavam com as mobílias antigas, mas algumas destas fotos eram recentes, para a minha surpresa, tinha uma foto da minha família, tirada no último Natal, e o meu pai estava na foto, tinham fotografias das famílias do Tio Bernardo e da Tia Cecília, mas também tinham fotografias antigas, de pessoas que eu não conhecia. Na parede da esquerda tinha uma janela que dava para a varanda, em baixo da janela, tinha uma mesinha, com um vaso de flores recém colhidas, que perfumavam o escritório, e um porta retrado com uma foto dos meus avós e os três filhos ainda pequenos.
Quando a  minha avó me viu, ela sorriu:
- Pode entrar Clara, eu não estou ocupada.
Eu entrei no escritório, ainda observando tudo. Eu retornei o sorriso da minha avó...
- Nossa! Quanta fotografia, e quantos livros... Seu escritório é muito... charmoso!
Ela sorriu ainda mais.
- Vem ver de perto. – Eu caminhei até a parede onde estavam as fotografias. – Estes são os meus pais. – Ela disse apontando para uma fotografia muito antiga, com um casal de aparência séria, o homem usava terno, chapéu e bengala, ele usava bigode. A mulher estava sentada numa cadeira, usava um vestido longo, com um laço na frente, um pouco abaixo do peito. Ela usava luvas e um penteado que pertencia ao início do século XX. – Aqui é no meu casamento com o seu avô, esta é a sua mãe quando era bebê... – a foto da minha mãe, era muito parecida com uma foto que eu tinha de quando eu era bebê, eu realmente era muito parecida com a minha mãe. A minha avó foi mostrando as outras fotos, dos meus tios quando bebês, outras da família reunida. Aquela parede era uma viagem no tempo.
- Vó, estas fotografias são lindas – eu falei passando os dedos sobre a moldura da fotos dos meus bisavós. Eu olhei para a mulher na foto mais uma vez, ela  era uma mulher linda, com traços perfeitos. – De que ano é esta fotografia?
- 1932, foi o anos que eles se casaram, e eu nasci dez anos depois.
- Uau! Ela era tão bonita, o rosto dela era perfeito. – Eu falei ainda olhando para a fotografia.
- A sua mãe me lembrava muito ela quando era mais nova, e agora você me lembra ela. – Eu sorri e olhei novamente para a fotografia, o formato do rosto, os olhos, realmente me lembrava das fotos da minha mãe quando tinha a mais ou menos 17, 18 anos. Eu sorri quando vi que eu tinha alguns dos traços da minha bisavó. A minha avó abriu uma gaveta e tirou uma pequena caixa de madeira, coberta por um fino veludo vermelho.
- Eu quero te dar uma coisa e gostaria muito que você aceitasse.
- Vó, eu não...
- Por favor. – Ela me interrompeu. – É importante pra mim que você aceite.
Ela tirou da caixinha um colar, bem delicado, com um pingente em forma de rosa, eu percebi que era o mesmo que a minha bisavó estava usando na fotografia.
- Vó, eu não posso aceitar. – Ela, sem dizer nada, colocou o colar no meu pescoço, e sorriu.
- Perfeito! – Ela exclamou.
Eu passei os dedos sobre o pingente e me olhei no pequeno espelho que estava em uma dos molduras, junto com os quadros. O colar era lindo. Simples, mas lindo.
- Ele é lindo vó, eu nem sei o que dizer.
- Não precisa dizer nada querida. – Ele fez um carinho no meu rosto, e se sentou novamente. – Você queria falar comigo?
Eu quase me esqueci de que eu precisava falar com ela.
- Sim vó, é que eu falei com o Edu, e eu queria muito ir à Valadares, ao cinema, é que eu não pude assistir este filme em BH, por causa da escola, então eu queria ir, e a Júlia quer ir também, eu queria saber se está tudo bem em ir?!
- Clara, a Júlia não está passando muito bem, e seu pé ainda está engessado...
- Então vó, eu acho que vai ser legal pra ela se divertir um pouco, e o Edu me ajuda. – Eu acabei me embolando demais...
- Olha, vocês vão, mas eu vou ligar para a Fernanda, a Tia da Júlia, para vocês dormirem lá, eu não quero o Edu dirigindo à noite.
- Tudo bem, eu vou falar com eles então.
 - Ah Clara, se você quiser ler algum livro, pode ficar à vontade, tem muitos livros bons na estante, eu sei que você gosta de ler.
- Obrigada vó, eu vou olhar depois, vai ser bom ter algo para ler. – Eu sorri e saí do escritório. Me encontrei com o Edu e a Júlia no quarto.
- Ela disse que pode, mas agente vai ter que dormir lá.
O Edu não gostou da ideia, pois ele teria que desmarcar um encontro com a Duda, mas mesmo assim ele nos levou sem perder o bom humor.
A viagem até Valadares foi longa e complicada, a Júlia passou muito mal, e nós tivemos que parar muito. Logo que chegamos, nós passamos em uma farmácia, e eu comprei três testes diferentes, para ter certeza, eu guardei os exames na minha bolsa, e nós fomos para a casa da Fernanda.
A Fernanda era magra, alta, aquele tipo de mulher que teria tido uma carreira de modelo de muito sucesso, ela tinha por volta de uns 40 anos, era muito bonita e educada, e nos deixou muito à vontade na casa dela. Como a Júlia só poderia fazer o exame no outro dia de manhã, nós resolvemos ir ao cinema, e ela concordou em ir, quem não gostou da ideia foi o Edu.
- Comédia Romântica? Vocês querem mesmo assistir “isto”?
- Edu, você sabe que eu gosto, e a Júlia ainda não este filme.
- Okay! Okay! Então vocês vão assistir, que eu vou dar uma volta pelo shopping.
- Tá bem, agente se vê daqui a pouco.
Eu e a Júlia fomos para a fila do cinema, ela olhou para o colar no meu pescoço por um longo tempo, instintivamente eu levei a mão ao colar.
- A vovó me deu ele hoje. – Ela parecia surpresa.
- Nossa, eu a pedi este colar um milhão de vezes, eu acho ele lindo, mas ela sempre dizia que ele era muito especial. Mas ela me deu este. – Ela mostrou o colar que ela estava usando, que também era delicado, e o pingente era em forma de coração.
- Ele é lindo também.
- Não tanto quanto o seu. Mas eu fico feliz que a vovó te deu.
Ela parecia sincera. Chegou a nossa vez de entrar no cinema, nós escolhemos o lugar na primeira fileira assim eu não teria dificuldades para subir as escadas. Assistimos o filme, suspiramos juntas algumas vezes. Quando o filme acabou nós nos encontramos com o Edu.
- O João ligou, eu falei que iria falar pra você ligar pra ele, eu sorri involuntariamente, pequei o telefone e me afastei do Edu e da Júlia para ligar para o João. O telefone chamou algumas vezes até que ele atendeu.
- Clara?!
- Oi João, tudo bem?
- Tudo e você, seu irmão disse que vocês estão em Valadares, está tudo bem? O seu pé piorou, ou sua prima?
- Está tudo bem, calma, é uma longa história, mas eu precisava vir, eu acho que minha prima vai ficar aqui em Valadares, mas eu e o Edu voltamos amanhã de manhã.
- Então o nosso encontro está de pé?!
- Está sim. – Eu respondi sorrindo.
- Nós nos vemos amanhã então.
- Okay, até amanhã!
-Até.
Eu desliguei o telefone, e fui me encontrar com a Jú e o Edu. Nós fomos para a casa da Fernanda, eu estava morta de cansaço, andar me apoiando nos outros e mancando, realmente é muito cansativo, só enquanto eu deitei, eu apaguei.

Por volta das 7:00 da manhã eu acordei com a Júlia chorando no banheiro do quarto, e encima da pia, três testes de gravidez... todos positivos.

quarta-feira, 9 de novembro de 2011

Capitulo 3

Meninas, esta semana a Maria Alice descobriu o pé, ela fica só tentando pegar os pezinhos, está muito linda, o problema é que ela me acorda com chutes na cara, eu não sei como ela acha meu rosto no escuro, se vira na cama e começa a chutar, até eu dar atenção a ela. Cada dia que passa ela fica mais espertinha. (Foto de ontem)
Estou esperando a visita da Kevin agora, se Deus quiser mês que vem né Kevinha?
Estou tentando escrever um pouco a cada dia, para terminar logo o meu livro, aqui vai mais um capitulosinho, espero que vocês gostem. Amo vocês!!!


3- E então um anjo apareceu no meu caminho!


Eu acordei com um pouco de luz que entrava por uma fresta da janela e batia diretamente nos meus olhos, olhei para o relógio: 6:34 am. Resolvi me levantar para correr um pouco. Lavei o rosto calcei um tênis e peguei meu Ipod e minha blusa de frio, pois estava uma manhã gelada. Passei pela cozinha dei um bom dia para a Maria, peguei uma garrafinha d’água e saí pela porta dos fundos, já me alongando para começar a correr.
Correr em estrada de chão não é o mesmo que correr em asfalto, mas eu tenho que admitir que respirar o ar puro e correr vendo esta paisagem é uma sensação que eu nunca tinha sentido antes. Eu corri por quase uma hora, e encontrei um lugar lindo, tinha uma pequena cachoeira com uma casinha perto, uma árvore enorme na frente da pequena casa, parecia uma pintura. Eu me sentei na beira da estada e fiquei observando a casa. Por mais uma hora eu fiquei ali, sentada até que eu resolvi voltar. Eu estava correndo e olhando dois passarinhos que voavam de um lado para o outro, como se estivessem brincando de “pic-pega”, e eu não vi um buraco que estava na minha frente, eu pisei no buraco e caí, eu senti uma dor horrível se espalhando pelo meu corpo, por alguns segundos eu nem conseguia ver o que estava à minha volta tudo parecia estar escuro, eu me sentei segurando o meu pé direito, eu não sei se ele estava quebrado, mas doía muito, e eu não conseguia controlar as lágrimas que escorriam no meu rosto, daqui até a casa da minha avó era muito longe, eu não conseguiria andar até chegar lá, eu comecei a sentir medo de ficar ali, do Edu não me procurar por aqui, e se ninguém passasse por aqui?
Foi quando eu ouvi um carro se aproximando, o carro parou e eu abri os olhos, o que eu vi era difícil de descrever, o carro era uma pick-up e de dentro da pick-up desceu um rapaz, que devia ter uns 23 anos, alto, a pele clara olhos e cabelos castanhos claros, o rosto dele era perfeito, barba começando a crescer, e o cabelo dele estava meio que bagunçado, ele correu em minha direção e olhou nos meus olhos... Por alguns segundos eu me esqueci da dor no meu pé.
- Eu vi você caindo. Deixa eu ver o seu pé. – Para completar a voz dele parecia voz de anjo. As lágrimas ainda caiam dos meu olhos, e eu não encontrava a minha voz, não sei se pela dor, ou se pela presença inesperada, ele pegou meu pé com cuidado,  tocando suavemente o meu tornozelo, eu olhava para ele ainda de boca aberta, porque ninguém nunca me tocou com tanto cuidado. – Você não quebrou, mas é melhor te levar para o hospital, acho que você pode ter trincado, provavelmente vai ter que imobilizar o seu pé temporariamente. Está doendo muito?
- Um pouco. – Eu falei ainda em lágrimas. – Eu não vi o buraco, aí eu caí.
- Isto acontece! Eu posso te pegar no colo, ou você prefere só se apoiar em mim? – Ele olhou nos meus olhos novamente, desta vez com um sorriso perfeito no rosto.
- Eu posso me apoiar em você. – Ele colocou a mão na minha cintura e o meu braço sobre os ombros dele, e me levou até a pick-up. Ele ajeitou o meu pé com cuidado, mas o movimento me fez sentir dor novamente, e eu não pude evitar o gemido de dor que saiu da minha garganta.
- Desculpa, eu não quis te machucar, eu só quero ter certeza de que você está confortável. – Ele me olhou e deu um sorriso meio de lado. – Você está bem? Acha que dá pra ir até o hospital?
- Aham, vai dar sim, obrigada. – Ele deu a volta e entrou pelo outro lado, ligando o carro e acelerando. Nós estávamos mais próximos da cidade do que eu imaginava, quando chegamos no pequeno hospital, ele me pegou no colo e me levou até a recepção, falando com a moça o que tinha acontecido, ela abriu a porta e pediu que ele me colocasse numa maca dentro de uma sala que o médico já viria me ver.
- Você mora aqui perto? Eu posso ir avisar a sua família que você está aqui.
- Não, eu estou de férias, mas eu posso ligar para o meu irmão e pedir pra ele vir me buscar.
- Tudo bem, quer usar meu telefone? – Ele estendeu a mão com um pequeno celular, eu peguei o aparelho e disquei o número do Edu, para a minha surpresa, ele logo atendeu.
- Alô?
- Edu, sou eu...
- Clara eu te procurei a fazenda inteira, e vim pra cidade ver se você estava por aqui, o que aconteceu? De quem é este número?
- Longa história Edu, eu estou hospital, eu acho que trinquei o pé, você pode vir me buscar mais tarde? O médico já vem me ver.
- Eu estou indo agora.
Eu entreguei o telefone ao rapaz.
- Obrigada, eu nem sei o que teria feito se você não tivesse aparecido ali naquela hora.
Ele me olhou e sorriu.
- Por nada, mas será que eu posso saber o seu nome ou você ainda está com muita dor para falar?
Eu olhei pra baixo e senti meu rosto esquentar. Voltei meus olhos para ele e respondi.
- Clara. Meu nome é Clara e o seu?
- João. Prazer em te conhecer  Clara. – Ele estendeu a mão e eu a segurei tentando não tremer. – Não é todo dia que eu tenho a oportunidade de ajudar uma menina tão linda quanto você. – Ele deu um beijo na minha mão. – Então Clara o seu irmão vem te buscar?
- Vem sim João, mas eu quero muito te agradecer, muito obrigada mesmo por ter me ajudado. – Ele sorriu novamente, eu poderia ficar o dia inteiro vendo o sorriso dele.
- Não há de quê, pode acreditar, que eu que tive sorte em ter te encontrado. Eu tenho que ir trabalhar, mas agente se vê por aí certo? Tenha cuidado quando for correr. – Ele deu uma piscadinha, e beijou a minha mão novamente. Eu fiquei parada só olhando enquanto ele saia da sala, e o médico entrava.
O médico era um homem nos seus 60 e poucos anos, Dr. Pedrosa, ele era o médico da família da minha avó e quando eu dei o meu nome pra ele, ele logo pediu para que a enfermeira informasse à minha avó o que tinha acontecido.
O João estava certo, meu pé não estava quebrado, mas teria que ficar imobilizado por uma semana, depois do raio X o médico viu que realmente estava trincado. Depois de imobizar o meu pé, Dr. Pedrosa me passou alguns remédios pra dor, e me levou onde estavam a vovó e o Edu, preocupados me esperando. Eu contei o que aconteceu, e como eu tive sorte do João ter aparecido. Eles ligaram para a mamãe para dizer que tudo estava bem.
Eu fui para casa tomei um banho, e comi, eu me lembrei que nem tinha tomado café da manhã, eu estava com muita fome. Depois fui me deitar, encontrei a Júlia deitada, dormindo.
Por volta das seis da tarde, o Edu  entrou no quarto, dizendo que o João ligou e queria falar comigo...
- Olá... – Eu falei incerta do que dizer.
- Oi Clara, eu só queria saber como você estava, aproveitei que você deixou o número do seu irmão no meu celular. Espero não estar incomodando.
- Não, de forma alguma! Eu estou bem obrigada por ter ligado. Você chegou bem no seu trabalho ou achou alguma outra pessoa com o pé trincado na estrada?
Ele começou  a rir...
- Eu te disse que não é sempre que se tem esta sorte... Mas eu cheguei bem no meu trabalho, obrigado.  O seu irmão disse que realmente você trincou o pé.
-Pois é, mas poderia ter sido pior. Ainda bem que você me encontrou.
- Eu li em algum lugar que sorvete ajuda a sarar pé trincado. Você quer tomar um sorvete comigo amanhã? Seu irmão disse que te traz até aqui. Tem uma sorveteria ótima perto da igreja.
Eu nem pensei pra responder...
- Okay, pode ser, você tem certeza que o sorvete ajuda? – Eu disse brincando.
-  Tenho, e o sorvete do Pêpa é o melhor que eu já esperimentei. Cura qualquer coisa.
- Tá bem, eu acredito, eu te vejo amanhã então. Até..
- Até... – Ele desligou o telefone, e eu não pude esconder o sorriso no meu rosto, o Edu me olhou suspeito...
- Como está o pé maninha?
- Bem, obrigada.
- É impressão minha ou você gostou deste João?
- Ah Edu, o cara praticamente salvou a minha vida, eu só estou agradecida.
- Sei como é, este é o seu olhar de agradecida? – Ele me olhou com cara de apaixonado e joguei o travesseiro nele.
-Bobo!
- Ah Clara, eu conheci uma gata ontem, e vou hoje para encontrar com ela, mas a Júlia disse que não está bem, você quer vir comigo?
-Ai Edu, eu não sei se é uma boa ideia...
- Vamos, eu te carrego no colo, tem um pessoal que você vai gostar de conhecer, e eu quero que você conheça a Duda.
- Duda? O nome dela é Eduarda? – Ele balançou a cabeça. – Ai meu Deus, que coincidencia, Edu e Duda. Ninguém merece. – Eu suspirei. – Okay eu vou ver se a Júlia pode ficar sozinha, se ela puder eu vou com você.
- Tá, vou trocar de roupa e te espero.
Eu me vesti com muita dificuldade e fui encontrar a Júlia, ela estava encolhida no sofá assistindo novela, e com uma cara  abatida, e a vó estava fazendo carinho no cabelo dela.
- Jú, eu vou com o Edu na cidade, você se importa? Eu acho que nós não vamos demorar.
- Tudo bem Clara. Eu não estou muito bem, acho que vou dormir cedo também.
- Clara, você tem certeza que vai sair, não acha melhor deixar pra amanhã? – A minha avó disse olhando para o meu pé engessado.
- Vai ser rápido vó, e o Edu vai me ajudar.
- Tá bem, mas vá com cuidado, e não fique longe do seu irmão. Qualquer coisa ligue que eu vou te buscar.
- Ok! Qualquer coisa eu ligo. – Eu joguei um beijinho pra a Júlia e fui me encontrar com o Edu, que já estava com o carro ligado me esperando. Eu olhei pra ele de cima da varanda e falei:
- Eu acho que preciso de ajuda aqui. – Eu apontei pra o meu pé, e ele saiu do carro e veio correndo, me pegou no colo e me ajeitou no banco do carro.
- Acomodada ? Podemos ir?
- Podemos... – Eu olhei pra ele sorrindo, ele parecia ansioso. – Edu, como a Duda é?
- Ela é linda, inteligente, ela estuda lá na minha faculdade, mas eu nunca tinha conversado com ela, ela é tão educada, simpática, e eu espero ganhar um beijo hoje.
- Pera, para tudo, Eduardo de Menezes, você saiu com a moça ontem e não rolou um beijo? Não posso acreditar, cadê aquele garanhão de BH?
-Ha, ha, ha! – Ele disse sarcasticamente. – Você sabe que sei cuidar de uma menina quando ela vale a pena, e a Duda vale a pena, eu tenho certeza. E outra coisa, ela é diferente, não é atiradinha como as outras meninas, e eu gostei disto nela.
- Okay! – Eu falei segurando um riso, realmente imaginar o Edu levando uma menina à serio era difícil, ele sabe ser gentil, educado, agradável, mas daí a sair com a moça e não rolar nem um beijo, e ele estar ansioso para encontra-la era novo pra mim.
- Olha Clara, por favor, “não queima o meu filme” com ela tá bem, eu acho que você vai gostar dela.
- Tá bem, combinado, minha boca é um túmulo. – Eu fiz o gesto de “fechar” a boca como um zipper e pisquei pra ele.
Nós paramos em frente a uma lanchonete em uma pracinha da cidade, na frente haviam dois carros, um dele eu conhecia de hoje de manhã, e só de pensar em ver o João, meu coração já batia forte.
O Edu me ajudou a descer do carro e me levou até uma mesa onde estava uma moça um rapaz.

- Gente, esta é a Clara minha irmã; – ele disse apontando pra mim e depois apontou pra a moça e o rapaz. – Clara esta é a Duda e o primo dela Marcos. Eu estendi a mão e comprimentei os dois.
- Prazer em conhecer vocês.
- O prazer é nosso. – Disse a Duda com um sorriso verdadeiro no rosto. – O Edu falou muito de você ontem! E a Júlia, porque não veio?
- Ela está meio indisposta, acho que comeu alguma coisa estragada!
- Tadinha, já tem uns dias que tudo que ela come, faz ela passar mal, eu acho que é fritura, ela ama hamburguer e batata frita.
- É pode ser... – Eu sorri e comecei a olhar à minha volta, quando encontrei um par de olhos cor de mel olhando para mim, eu não pude evitar o sorriso que veio no meu rosto. Eu acenei e o João veio andando em nossa direção, ele comprimentou o pessoal, e eu o apresentei ao Edu.
- Edu, este é o João. João, este é o meu irmão Eduardo. – O Edu e o João deram um forte aperto de mão.
- Ô cara, obrigado por ter ajudado a minha irmã hoje.
- Não precisa agradecer, mas você se importa se eu rouba-la por alguns minutos?
O Edu olhou para mim, e sorri e mexi os lábios dizendo um “okay”...
- Tudo bem. – O Edu respondeu. – Mas não demore, porque ela tem que tomar o remédio para dor, daqui a 40 minutos. – Ele olhou para o relógio e piscou  pra mim.
- Tudo bem Eduardo, eu não vou rouba-la por muito tempo. – Ele olhou pra mim e estendeu a mão, eu peguei a mão dele e me levantei, ele abraçou a minha cintura e colocou meu braço sobre os ombros dele. Nós simplesmente atravessamos a rua e nos sentamos em um banquinho na praça.
- Que surpresa você por aqui, pensei que você deveria estar de repouso hoje. – Ele falou com um tom sério na voz.
- Eu vim só um pouco, ontem meu irmão veio, mas eu quis descansar, e ele queria me apresentar a Duda, acho que ele está à fim dela...
- Ahhh, eu percebi, ainda bem que o primo dela também percebeu e já saiu de lá, assim eles podem conversar com mais privacidade.
Eu olhei e vi o Edu segurando a mão da Duda, e conversando olhando nos olhos dela, definitivamente meu irmão estava apaixonado.
- Então você me tirou de lá para dar privacidade ao meu irmão?! – Eu perguntei meio decepcionada.
- Não, imagina, isto foi só uma desculpa. Como você está se sentindo Clara? – Ele me olhou com preocupação.
- Eu estou bem. Dói um pouco ainda, mas eu vou sobreviver. – Eu falei com uma expressão solene, esperando que ele fosse rir da minha brincadeira.
- Quando você quiser seu remédio,me avise que eu vou buscar tá bem? – Ele falou com a voz séria!
- Obrigada João. – Eu respondi sussurrando. Ele segurou a minha mão a beijou carinhosamente.
- Me fala um pouco de você Clara, onde você mora, o que faz por aqui? – O tom de voz dele era animado e interessado!
- Bom, eu moro em BH, com os meus pais, estudo... e vim passar as férias na roça da minha avó vou ficar por três semanas...
Ele me fez perguntas sobre escola e os lugares que eu gostava de ir, eu descobri que ele morou perto da minha casa enquanto fazia faculdade, ele fez Veterinária, e agora trabalha nas fazendas locais, cuidando dos animais.
- Eu voltei para Divinolândia em Janeiro, ainda estou me acostumando aqui, mas eu gosto da paz, do silêncio e principalmente do céu estrelado. – Ele falou olhando para o céu. Eu segui o olhar dele o vi o céu cravado de estrelas, alguns lugares parecia até pó, de tanta estrela. Eu respirei fundo e senti o cheiro dele, eu fechei os olhos por uns instantes deixando que o cheiro dele tomasse conta de mim.
Quando eu abri os olhos, ele estava olhando pra mim sorrindo...
- O que foi?! – Eu disse sentindo meu rosto esquentar.
- Você é tão linda! – Ele suspirou. – Me  desculpe, mas à luz das estrelas você é ainda mais linda. – Ele olhava pra o meu rosto, como se estivesse vendo uma flor pela primeira vez. Eu senti minha bochecha queimar mais uma vez.
- Obrigada. – Eu sorri com timidez, eu queria dizer que ele também era lindo, mas a minha timidez não deixou, então eu desviei o meu olhar, eu olhei para o meu irmão que agora acariciava delicadamente o rosto da Duda, e ela sorria pra ele, por alguns segundos eu senti que estava invadindo a privacidade do Edu e virei o meu rosto rapidamente pra o lado que o João estava, pra minha surpresa ele continuava olhando pra mim, mas estava com o rosto perto, muito perto. Eu senti a respiração dele, o cheiro, os olhos dele queimando nos meus, minha cabeça girou e antes que eu fizesse algo que eu pudesse me arrepender virei novamente o rosto e pisquei algumas vezes deixando que o efeito inesperado passasse. Eu respirei fundo.
- Ahh, João, eu acho que preciso do meu remédio, você se importa?
- Absolutamente. – Ele disse ainda olhando fixamente pra mim. Ele sorriu aquele sorriso perfeito. – Só um minuto. – Ele se levantou e caminhou em direção à mesa do meu irmão, um pouco sem graça por estar “quebrando o clima” entre o Edu e a Duda.
Enquanto ele estava lá, eu tive tempo de refrescar a minha cabeça. O João mexeu comigo, de uma forma inesperada, mas será que eu estou apaixonada? Eu pisquei algumas vezes tentando entender o que estava acontecendo. Eu o conheci hoje, não, eu só estou impressionada com ele, por ele ser tão bonito, gentil, educado e ainda ter me “resgatado” quando eu achei que ficaria ali, sem ter ninguém pra me ajudar. É, definitivamente era isto, eu estava só agradecida, não apaixonada!
Enquanto eu chegava à esta conclusão, o João se aproximou de mim.
- Aqui, o Edu disse que você tem que tomar estes dois. – Ele estendeu a mão com dois comprimidos e me entregou o copo d’água, ele percebeu que eu fiz cara de choro quando peguei os remédios. – Clara, você está sentindo muita dor? – Ele perguntou preocupado. – Eu posso te levar ao hospital se você quiser.
- Não, não, é que eu odeio tomar remédios. – Eu olhei pra ele e sorri sem graça. – É só isto mesmo, não precisa se preocupar.
- Ok! – Ele respirou aliviado. ‘Tá aí mais uma coisa que me deixou confusa, como ele poderia se preocupar tanto comigo? Ele acabou de me conhecer, será que ele é assim com todo mundo? Mas a forma que ele olhava para mim, parecia tão única, eu nunca senti um olhar tão intenso, um olhar que parecia queimar.Coloquei os comprimidos na boca e tomei a água deixando que eles descessem pela minha garganta. O João sorriu pra mim...
- Não foi tão ruim, foi? – Ele perguntou. -  Eu balancei a cabeça e desviei o meu olhar.
- Obrigada João! – Eu agradeci sinceramente. – Você nem me conhece e está sendo tão atencioso comigo...
- Não tem que agradecer. – Ele pegou o copo das minhas mãos. – E eu ainda não te conheço bem, mas pretendo, se você me permitir, claro. – Ele olhou pra mim levantando as sobrancelhas para enfatizar o que ele acabou de dizer. Minhas bochechas coraram mais uma vez...
- Claro! – Eu respondi. O Edu se aproximou.
- Eu odeio interromper, mas acho que é hora de ir embora né?! – Eu percebi que ele estava segurando a mão da Duda, e tinha um sorriso enorme no rosto. Eu olhei pra ele e sorri também.
- Ok! -  Eu respondi ao Edu. – Até mais João. – Eu falei ainda sorrindo. Ele segurou a minha mão e deu um beijo, fechando os olhos no processo. O ar escapou dos meus pulmões.
- Até amanhã Clara. – Ele respondeu sorrindo. – Não se esqueça do nosso sorvete.
- Pode deixar que eu não me esqueço.
O Edu se despediu da Duda com um beijo no rosto, e ela e o primo seguiram uma direção, enquanto o João entrou novamente na lanchonete e eu e o Edu voltamos para casa. No caminho de volta do Edu me contou da conversa dele com a Duda, e que ele queria leva-la à sério, (o que me surpreendeu bastante), e que eles ainda não tinham se beijado, o que fazia dela ainda mais especial pra ele, eu comecei a admirar a Duda, eu nunca imaginei meu irmão deste jeito. O Edu tinha razão, eu gostei da Duda. Eu não quis falar muito do João, pois nem eu tinha muita certeza do que eu realmente sentia.
Quando chegamos em casa, o Edu me ajudou a subir as escadas, e eu fui direto pra o quarto, e mais uma vez encontrei a Júlia, enrolada num canto da cama, como os olhos vermelhos, ela estava completamente pálida

quinta-feira, 3 de novembro de 2011

Okay meninas, segundo capítulo do meu livro, espero que gostem... Terminei o capítulo 10 hoje, essim que eu terminar o 11, e posto outro aqui... Amoooo vocês!!!


2- Até que não é tão ruim!



- Clara, Clara, acorda, a mamãe quer falar com você... – eu acordei assustada com o meu irmão me balançando, sem saber bem aonde eu estava, o dia ainda estava claro, foi aí que eu percebi que tínhamos chegado em Divinolândia. Bem de frente com o lugar onde estávamos estacionados tinha umas plantas que formavam o nome “DIVINOLÂNDIA” , bem grande, com algumas flores em volta, eu tenho que admitir, o lugar era até bonitinho!
O Edu me passou o telefone, eu olhei e estranhei, Divinolândia “pega” celular, wow, isto é bom!
- Humm?! Oi mãe!
- Filha, vocês chegaram bem?!
- Aham! Quer dizer, eu acho que sim, acabei de acordar, acho que vovó deve estar chegando.
- Okay! Qualquer coisa me liga. Se divirta pequena.
- Tá bem mãe, eu vou tentar. Te amo!
- Também te amo.
Eu olhei para o meu irmão:
 – Edu, você quer falar com a mamãe?
- Não, eu já falei com ela. Pode desligar.
-Okay. Tchau mãe. Dá um beijo no papai.
Me despedi da minha mãe, quando eu desliguei, vi um carro se aproximando, e uma senhora sorria para mim, ela tinha o cabelo loiro, obviamente tingido, a pele clara e enrugada pelo tempo, e um sorriso surpeedentemente acolhedor.
- Meus queridos. – disse a minha avó, olhando para mim e para o meu irmão. – Como vocês cresceram, estão lindos.
Ela nos abraçou, e continuou elogiando, eu me senti meio que perdida, não sabia como me comportar perto dela. Ela pediu para que nós seguíssemos o carro dela, pois o Edu não sabia como chegar até a fazenda.
O caminho até a fazenda da minha avó é lindo, depois que se sai da cidade, temos que subir uma serra com grandes árvores, com as folhas bem verdes e o caule grosso.  Se não fosse toda aquela poeira da estrada, eu diria que era um lugar perfeito. Pela estrada pessoas caminhavam, ou cavalgavam, parecia que tínhamos voltado no tempo, estas eram pessoas simples que viveram a vida inteira na roça, elas olhavam e acenavam, como se nos conhecessem. As casas perto da estrada eram antigas, muitas com as janelas de madeira pintadas de azul escuro, com árvores ao redor, e sempre com uma porteira na frente.
Chegando na casa da minha avó eu quase fiquei sem ar, eu não me lembrava como era este lugar. Um dos empregados abriu a porteira e tirou o chapéu para nos comprimentar, subimos um pequeno morro e casa veio à vista, perecia uma destas casas que você vê em novelas de época, com grandes janelas de madeira, uma varanda na parte da frente, com uma rede e algumas cadeiras, plantas ornamentavam a varanda, a garagem era em baixo da casa, e de lado tinha uma escada enorme que subia para a varanda, todos os detalhes de madeira estavam envernizados, e apesar de serem antigos, pareciam novos, a paisagem de frente com a casa era impressionante, tinha uma árvore enorme na frente, um cruzeiro com muitas flores em volta, um lago bem lá em baixo, e apesar de que nas proximidades tinham muitas plantações de eucalipto, ao redor da casa da minha avó tinham árvores que pareciam ter dezenas de anos.
- Podem entrar eu vou pedir que o Pedro entre com as malas de vocês, espero que vocês gostem dos quartos de vocês, eu tentei colocar algumas coisas que eu sei que jovens hoje em dia gostam. – a minha avó disse com esperança no olhar.
Ela foi nos mostrando a casa, que por dentro retratava o que se vê por fora, os móveis de época, mas muito bem conservados, era tudo perfeito, exatamente como nas novelas, eu via a hora que apareceria uma mulher vestida com vestido longo e rodado, com um leque na mão e falando “vós micê”, eu sorri com a possibilidade do meu pensamento. Quando entrei no quarto que eu ira dormir, quase fiquei sem ar novamente, eu ira dividi-lo com a Júlia, e ela estava deitada lendo um livro, o quarto era enorme, tinham duas camas com colchas imaculadamente  brancas,  um guarda-roupas de madeira maciça, combinando com as camas e com a mesa de estudos, que pra minha surpresa tinha um computador em cima; a cortina era branca também e combinava com as colchas.

A Júlia tem longos cabelos castanhos bem claro e grandes olhos azuis, ela é magra, tem a pele bronzeada, é um pouco mais baixa que eu, e está sempre muito bem vestida, nem parece que mora numa cidadezinha de interior, nós temos a mesma idade. Quando ela me viu ela deu um salto e correu para me abraçar, quase que ela me joga no chão...
- Clara! Eu nem acredito que você veio mesmo, eu achei que no final você iria desistir.
- Bem que eu tentei. – Eu disse sorrindo, quando eu olhei para a minha avó, ela estava de cabeça baixa, e eu me arrependi de ter falado. – Mas, as férias serão boas, eu acho! Que bom que você está aqui Jú, eu estava morrendo de saudades.
- Edu, você também veio!  – A Júlia deu um abraço apertado no Edu. – Clara, agente tem que conversar eu tenho monte de coisas para te contar!
- Meninas, fiquem à vontade que eu vou levar o Edu até o quarto dele. – A minha avó deu um sorriso, e saiu para mostrar o Edu o quarto dele.
Quando eles sumiram no corredor, a Júlia me pegou pelo braço e me sentou na cama.
 - Prima eu tenho que te contar um monte de coisas. – Ela me disse arregalando ainda mais os olhos azuis. – Meus pais foram para a Itália, você sabe né?!
- É eu sei, por isto você está ficando aqui não é? – Eu respondi me lembrando que a minha mãe tinha falado algo sobre a viajem da Tia Cecília.
- É, eles não queriam que eu ficasse em casa sozinha. – Ela falou rolando os olhos, como se isto fosse uma besteira. – Mas então, eu acho que vou mesmo pra BH, estou muito feliz por isto.
- Eu também estaria, nem sei como você conseguiu viver dezessete anos aqui. – Eu olhei pra ver a reação dela. – Bom né, que bom que você vai, a mamãe já está arrumando o quarto para você, você já sabe onde vai prestar Vestibular? Ou o que você vai fazer?
- Eu penso em fazer Veterinária, mas ainda não tenho certeza. Ainda há tempo para decidir.
- Eu vou fazer Letras. – Eu disse decidida.
- Ai, Letras Clara? Quem disse que professor ganha dinheiro?
- Mas é o que vai me fazer feliz, e é o que eu quero fazer. Mas como você disse, ainda há tempo para decidir. Mas eu não vou mudar de ideia.
Ela olhou para a porta para ter certeza de que ninguém estava ouvindo, e falou em voz baixa:
- Clara o filho de um amigo do meu pai voltou de BH no início do ano, ele está trabalhando na fazenda do pai dele aqui perto. Ele é tão lindo, logo que ele chegou nós fomos apresentados. E saímos juntos algumas vezes, até que ele me pediu em namoro.
- Então você está namorando? Como é o nome dele? – Eu perguntei animada pela novidade.
- Calma Clara, eu chamo ele de JP, e além de lindo ele é um cavalheiro, nós namoramos uns 2  meses, mas eu pedi pra terminar.
- Como assim, você é louca?
- Ai sei lá, as coisas estavam ficando muito sérias, e como eu quero ir pra BH, eu decidi terminar logo, para não sofrer depois.
- Mas você não gosta dele? – Eu perguntei com uma certa decepção.
- Gostar eu gosto, mas não acho que ele é a pessoa certa pra mim, sei lá alguma coisa parece que não bate sabe. – Ela suspirou. – Enquanto agente estava namorando, ele sempre me levava flores, ou chocolates, sabe aquelas pessoas “à moda antiga”? – Eu balancei a cabeça para dizer que eu entendi, e pensei que ele com certeza se “encaixava” na paisagem deste lugar, tudo parece à moda antiga. – Pois é, – ela continuou. – ele é assim. Mas mesmo assim alguma coisa parecia que não encaixava. Na nossa primeira vez, ele...
- Pera aí, – eu  a interrompi – não me diga que vocês... você sabe... – eu diminuí o tom de voz e perguntei com o rosto vermelho de vergonha. – Vocês tranzaram?
- Clara eu moro na roça, mas as coisas também acontecem aqui, ou você achava que eu ainda era virgem? – Ela perguntou parecendo meio frustrada.
- Eu não vejo problema em ser virgem, eu sou. – Ela me olhou como quem não acreditava. – Mas me deixa de lado, minha vida é absolutamente sem graça, termina de me contar.
- Então, – ela continuou – na nossa primeira vez, ele me levou para fazer um “picnic” na fazenda do pai dele, você precisava ver como ele pensou em tudo, comida, toalha para a gente sentar, ele foi carinhoso, como nenhum outro. – ela suspirou.
- Que lindo Júlia! Você terminou porque ele não quer que você vá para BH? Por que você parece gostar dele.
-  Sabe o que é, é que eu acredito que quando agente ama uma pessoa, agente sabe desde o princípio que não pode viver sem ele. Com o JP não foi assim, e eu acho que ainda gosto do Felipe. Quero dizer, o JP é legal, lindo, tudo o que eu sempre quis num namorado, mas quando eu penso no Felipe, ninha cabeça ainda gira.
- Júlia, ele te deixou aqui, esperando por ele, enquanto ele se divertia com um monte de meninas em BH. E você ainda gosta dele? – Eu perguntei incrédula.
- Ai Clara, eu sei que sou uma boba, mas o que eu posso fazer? Eu gosto dele, e não queria fazer o JP sofrer, por que se o Felipe voltasse e me pedisse pra voltar, eu não pensaria duas vezes. – Ela deitou de barriga pra cima na cama e ficou olhando pro teto. – Acho que está é uma das rasões para eu querer fazer veterinária na UFMG, é lá que ele estuda. – Ela suspirou e fechou os olhos.
- Jú, você acha que vale a pena? Porque você está trocando o certo pelo duvidoso.
- Eu não sei Clara mas eu quero arriscar.
Ficamos conversando por mais algum minutos, eu contei da viajem da Aline, ela me falou que a vovó colocou Internet via rádio na roça, assim eu poderia responder aos e-mails da Ali. Eu contei da escola, de como estavam as coisas em BH, e que eu nunca mais vi o Felipe, apesar dele ser amigo do Edu.
Por volta das oito da noite, o Edu e a vó Rose bateram na porta do quarto, dizendo que o jantar estava servido.
Eu sempre gostei de comida feita no fogão à lenha, franco caipira então, nem se fale, e minha mãe sempre disse que o da Maria, era o melhor que ela já tinha comido. A Maria trabalha com a vó Rose à mais de trinta anos, ele deve ter seus 50 anos agora, apesar de não aparentar. Quando ela me viu, foi logo elogiando e dizendo o quanto eu tinha crescido, e que eu estava linda, eu agradeci, e me sentei na enorme mesa da copa, com rosto vermelho depois de receber de tantos elogios.
A minha avó fez uma pequena oração dizendo que agradecia à Deus pelo alimento, e pelos netos dela estarem com ela por estas semanas. Eu estava começando a achar que eu iria gostar das férias.
Eu tive que concordar com a minha mãe, a comida da Maria estava deliciosa. Quando nós acabamos de comer, eu me retirei e fui para o quarto pegar meu pijama e ir tomar um banho bem quente e demorado. Quando saí do banho o Edu estava conversando com a Júlia, eles pareciam animados.
- Agente vai na cidade maninha, que ir junto?
- Edu, você não acha melhor você ir dormir um pouco, depois da viajem acho que era melhor você descansar.
- Ammm!!! - Ele fingiu estar pensando - Não. Eu acho melhor eu ir pra cidade e me divertir um pouco amanhã eu posso dormir até tarde. Você vem?
- Não, eu vou dormir, até por que eu não acho que vai ter nada de bom na cidade...
- Você é quem sabe. A Júlia vai comigo.
- Tudo bem, podem ir, e juízo vocês dois. – Eu olhei pra eles balançando a cabeça. – Eu vou dormir, porque estou morta!
Eles saíram, e eu apaguei a luz, coloquei os meu phones de ouvido, liguei meu Ipod, entrei debaixo das cobertas e apaguei...
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Eram quatro e meia da manhã quando eu acordei com a Júlia entrando no quarto, chorando. Eu pulei da cama e fui ver o que tinha acontecido.
- Jú, o que aconteceu, porque você está chorando?
- Eu odeio vomitar... – ela disse ainda chorando.
- Você estava bebendo Júlia?
- Não, eu não bebi, eu e o Edu chegamos cedo, eram umas 11:30, mais ou menos. É que eu cheguei com fome, e fui comer, pra dormir, eu acho que comi alguma coisa estragada, porque eu acordei passando mal.
- Eu vou buscar um remédio. – Eu me levantei e fui até a cozinha, procurar algum remédio, quando eu encontrei o que procurava, peguei um copo d’água e levei pra ela. Ela tomou o remédio ainda soluçando.
- Você vai ficar bem Jú, chora não.
Ela acenou com a cabeça, e cobriu os olhos com as mãos, eu apaguei a luz e me deitei para dormir outra vez...